terça-feira, 24 de novembro de 2009

ENTREVISTA: Gilmar fala sobre a conversa com João Alves, Marcelo Déda e as eleições de 2010

Por Joedson Telles

O deputado estadual Gilmar Carvalho (PR) esteve com o ex-governador João Alves Filho (DEM), na semana passada, mas não cogita uma aliança fora da batuta do governador Marcelo Déda (PT). Ele fala também do preconceito que teve que enfrentar na política por ser oriundo da classe baixa e comenta, entre outros assuntos, a acusação de que bateu no próprio pai.

Universo Político.com - O senhor comunicou ao empresário Edvan Amorim (presidente do PR) que teria uma conversa com o ex-governador João Alves, ou necessariamente isso não foi preciso?

Gilmar Carvalho - Não havia necessidade de conversar com ele. Mas, em função dos problemas que ocorreram, entre mim e o ex-governador João Alves, entendi que seria interessante conversar com Amorim. Não pelo fato de conversar com João. Aí seria uma limitação demasiada. Eu não aceito limitações. Mas pelo fato de que claramente eu fui para fazer um convite de uma entrevista no programa. Mas comuniquei para que ele não se sentisse traído no quesito que considero importantíssimo: lealdade.

U.P. - Há quem veja - sobretudo nos bastidores - essa reaproximação sua do ex-governador João Alves como um recado ao grupo liderado pelo governador Marcelo Déda. É como se fosse dito "Gilmar não está morto. Se não for candidato no grupo de Déda tem como ser no grupo de João". Foi um recado?

G.C. - Olha, quem tem a coragem de fazer as denúncias que eu faço, quase que diariamente, inclusive contra setores extremamente influentes neste estado, poderosos, algo que faço há muitos anos, quase que todos os dias, então, quem tem coragem pública não manda recado. Quem diz nos bastidores da política que eu mando recado não me conhece ou finge que não me conhece, ou não tem a mesma coragem pública que eu. Não mandei recado para ninguém. Tenho o direito de conversar com quem eu entender que devo conversar. E na condição de jornalista, a partir do momento que a porta se abriu para uma entrevista, fui como irei todas as vezes em que a oportunidade se apresentar.

U.P - Essa coragem a qual o senhor se refere foi espelhada nesta historia do chapão?

G.C. - É lógico. Fui o primeiro a falar. E a posição mais vulnerável é a minha, pois sou suplente de deputado. Quero deixar bem claro que na pauta da discussão chapão não está o governador Marcelo Déda, que não tem discutido isso. Se houvesse a participação do governador, eu não teria dito publicamente nada. Teria silenciado e esperado o seu retorno. No início das discussões internas poderia falar com ele como devo falar se for chamado a falar. Não há desrespeito ao governador. Mas não aceito que setores da base aliada estejam insistindo ou trabalhando para que haja o chapão. Mesmo porque o PR só tem dois compromissos: um é o de apoiar a reeleição do governador Marcelo Déda e outro é o de, na chapa proporcional para deputado estadual, firmar aliança tão somente com o PT do B e o PRB, Não discutirei qualquer outra situação envolvendo chapão.

U.P. - Essa ideia de chapão seria uma forma de enfraquecer, isolar sua candidatura ou de frear o crescimento do empresário Edvan Amorim, cujo crescimento político já vale a especulação sobre uma candidatura dele ao governo do Estado em 2014?

G.C. - Não é nada contra mim. Nem contra os outros candidatos. É o processo de sobrevivência de quem entende que no chapão vai ter que ter mais votos do que provavelmente teria numa eleição sem chapão. É por isso que querem um chapão de todos ou um chapão sem o PSC. Não tenho nada a ver se vai ou não ter o PSC. Eu tenho uma firmeza clara: compromissos foram assumidos comigo e com os demais companheiros de partido de que a chapa proporcional será PR, PRB e PT do B. Não discuto qualquer outra formação de chapa. Quando também querem o chapão é porque perceberam que Amorim, realmente, montou uma situação que em Sergipe jamais havia sido montada, conforme palavras do deputado federal Jackson Barreto no nosso programa de rádio. Ou seja, Amorim encontrou uma forma de abrigar a todos do mesmo grupo em chapas diferentes. Se outros não fizeram a mesma coisa, não é culpa nossa.

U.P. - Gilmar, o senhor segue a linha de defender os mais pobres tanto no seu programa de rádio quanto no seu mandato. Se para manter a coerência assegurando chances de conseguir a eleição o senhor tiver que voltar ao grupo do ex-governador João Alves Filho (DEM), o senhor deixa quaisquer ressentimentos à margem, e troca de lado, já que João deixou claro não rejeitar alianças?

G.C. - Não cogito a possibilidade de retorno ao grupo do ex-governador João Alves. Não vou transformar a mágoa do passado em ódio em hipótese alguma. Mas tenho uma posição bem clara, que é ao lado do governador Marcelo Déda, que tem sido leal, companheiro, tem respeitado a minha posição. Em nenhum momento, Déda tem colocado a minha condição de suplente como um deputado vulnerável. De alguém que poderia sair a qualquer momento. Como me respeitou e me respeita, terá de mim respeito e lealdade.

U.P. - A política é preconceituosa, Gilmar, com quem vem das classes mais baixas?

G.C. - Não é só a política, não. Em tudo na vida há preconceito com quem vem de baixo. Porque quem veio de baixo tem que se firmar em cima e os de cima não querem dividir o espaço.

U.P.- Mas quando a pessoa consegue ascender, no seu caso ter um mandato, isso diminui ou acaba?

G.C. - Vai diminuindo. Se você for firme, vai conquistando seu espaço. Comigo, já diminuiu bastante. Mas essa diminuição só aconteceu, assim, de forma muito intensa, depois que eu passei a cursar direito na UNIT. Mas agradeço muito aos preconceituosos. Tomei gosto pela universidade e comecei no final de semana a pós-graduação em Direito Tributário, no Jus Podivm, em Salvador.

U.P. - O senhor concorda com os que dizem que o senhor é como o Flamengo: quem gosta, gosta de verdade, mas quem não gosta, detesta?

G.C. - O Flamengo é infinitamente maior do que eu. Gosto muito do Flamengo. Mas tenho trabalhado muito para diminuir essa divisão de pólos. Por isso que eu conversei com João Alves. A questão da conversa foi mostrar que aquele homem que diziam que brigava com todos, que tinha dificuldade de relacionamento, não é verdade e eu quero acabar com isso. Sou um homem que já tenho 48 anos de idade. Tenho uma família grande para cuidar, estou aumentando meu espaço com essa formação em direito e cheguei à conclusão de que eu posso ser o mesmo homem sem mudar em nada, mas sem precisar dividir em duas situações: quem me ama e quem me odeia. Quero que as pessoas me amem. Até porque nunca tive ódio a ninguém.

U.P.- Plagiando o radialista Gilmar Carvalho, "fique à vontade para responder", o senhor bateu em seu pai, como insinuam alguns adversários ou isso é calúnia?

G.C. - Olha, já fui acusado de praticar assédio sexual, e no processo a menina que deu aquela lamentável entrevista (ao semanário Cinform) disse que foi induzida, não pelo jornal, mas por um advogado, a fazer acusações e me defendeu no processo. O processo é público. Eu fui acusado de usar verbas de gabinete. O assessor que fez a acusação perdeu na Justiça a condição de réu-primário. Já fui acusado de liderar quadrilha de assassinos de caminhoneiros em Itabaiana, mas o delegado Pedro Rielly nunca teve condições de apresentar provas porque isso nunca existiu, graças a Deus. Ainda teve a acusação relacionada ao chevette e às placas frias. A coisa que mais me dói não foi nenhuma destas acusações: mas essa questão que envolve meu pai. Isso é um desrespeito. Meu pai partiu em 1995. Ele tinha por mim, e tenho certeza que tem, e vai ter sempre, um amor muito grande. Eu sou o filho mais velho. Meu pai é o maior exemplo de honestidade que eu sigo. Lembro que certa feita fui ao conjunto João Alves fazer a primeira campanha para deputado. E o cidadão olhou para mim e disse: ‘você é filho de Zé de Selvino'?, era assim que meu pai era conhecido. Eu disse: sou. Ele disse ‘por mais que você pense que é honesto, você nunca vai ser tão honesto como seu pai'. Então, o que eu lembro do meu pai são apenas bons momentos. Nunca houve agressão. Lamentavelmente, algumas pessoas acham que podem agredir e ofender sem limites. Mas se querem fazer isso pelo menos imponham limites. Família é algo intocável. A minha família sabe quem é Gilmar Carvalho.

Da redação do Universo Político.com

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